The Japan Architect – 166 / Agosto-1970
Inúmeros países asiáticos foram historicamente influenciados pela
tradição confucionista da “piedade filial”, que prioriza a unidade familiar e
estabelece a obrigação dos filhos de zelarem respeitosamente por seus pais
idosos. Com o passar das décadas, entretanto, o Japão testemunhou o aumento da
parcela de seus cidadãos de terceira idade, que subiu de 5% nos anos 1950 para
11% em 1989. A preocupação para com o tratamento e a moradia de idosos inspirou
um padre francês, atuante em terras japonesas, a construir, em 1970, um novo
tipo de asilo, que prezasse pela responsabilidade socioambiental: o Lar para
Idosos Akatsuki, localizado em Osaka, um dos temas abordados pela revista .
Próximo das Colinas Senri, o Lar Akatsuki havia sido planejado pelo
pároco francês de forma que não destruísse o habitat natural à sua volta. Construído na forma de arco, o
condomínio para idosos foi erguido sobre pomares e campos de bambu, comuns na
região. Evitou assim a terraplanagem que poderia, de acordo com a publicação
japonesa, descaracterizar a região e, no longo prazo, aumentar a incidência de
deslizamentos de terra. Contrapondo-o à estrutura da EXPO ‘70, feira
internacional realizada também em Osaka, o redator de The Japan Architect se vale do Lar Akatsuki para tecer críticas ao
evento, por este haver removido “sem misericórdia” a flora local.
Outro diferencial do projeto se deu na sua forma de financiamento,
dividido em quatro partes: ¼ do orçamento foi constituído por subsídios da
Prefeitura de Osaka; ¼ por empréstimos; ¼ por contribuições; e ¼ por capital
privado. O redator da matéria atribui a ampla cooperação entre governo,
iniciativa privada e sociedade civil ao entusiasmo e boa vontade do padre, que
conseguiu contagiar todas as partes envolvidas e incentivá-las a bancar a
realização de um lar sem fins lucrativos. Com corredores iluminados, quartos,
uma capela, e ampla vista da natureza de Osaka, o redator de The Japan Architect acredita que a
principal lição a se extrair do Lar Akatsuki reside no fato das limitações
financeiras, determinantes na realização do projeto, terem assistido na criação
de um design forte, baseado em materiais baratos e na simplicidade, afirmando:
“abundância de riqueza e poder nem sempre significam uma arquitetura do mais
alto calibre”.
texto: Alexandre Enrique Leitão
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