25 dezembro 2013

“Cidades de tempo-livre”, você pode morar em uma.

The Japan Architect, september-october, 1971.


             Uma das mais importantes revistas de arquitetura do século XX, a The Japan Architect contou, em sua edição n.178, de setembro-outubro de 1971, com texto do japonês Kenzo Tange. O renomado arquiteto apresentava as conclusões de um grupo de estudos, voltado para a previsão e descrição de um projeto urbanista japonês do século XXI, em um esforço intelectual que desperta fascínio e convida ao questionamento: o que aqueles homens da década de 1970 esperavam do futuro das grandes cidades, e em que medida suas previsões se realizaram ou se tornaram advertências? Entre os elementos que guiaram a abordagem de tais técnicos e urbanistas encontrava-se a visão de que os fatores responsáveis pelo desenvolvimento e funcionamento da cidade e da nação eram a energia, a informação e o lazer.
Através deles, seria possível reverter um processo de consumo desenfreado das matérias-primas e reduzir a poluição do meio-ambiente, assegurando ainda maior qualidade de vida para uma população que, previa-se, passaria a desejar o específico, e não mais o objeto (a casa, o espaço, a atividade) produzido em massa. Entre as soluções apresentadas para uma megalópole como Tóquio, sobre a qual profetizaram que passaria a enfrentar um aumento constante no trânsito de pessoas e de carga, encontrava-se a construção de uma rede de túneis e a preferência por uma rede de transportes subterrânea e elevada, valendo-se da operação conjunta de sistemas de trilhos, estradas e vias fluviais – propostas de extrema relevância para metrópoles de países em desenvolvimento, como as brasileiras, ainda flageladas pela parca condição dos transportes urbanos. Porém, a proposta mais ousada talvez fosse a de valorização do tempo-livre, como parte integrante da experiência em sociedade. De forma a assegurar o lazer, tornando-o elemento orgânico da vida em uma megalópole, os arquitetos envolvidos propõem a criação de “Cidades de tempo-livre”, cujo caráter seria determinado por condições históricas, naturais, culturais e cênicas de cada localidade.
          Complexo em sua análise e acessível em seu texto, o estudo sobre o Japão do futuro apresenta questões de extremo relevo, não só para o arquiteto interessado na história de seu campo profissional, mas também para o técnico e para o urbanista preocupados em encontrar soluções para os problemas decorrentes de um crescimento urbano desenfreado.
por Alexandre Enrique Leitão






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