ITALIE 75 - L'ARCHITECTURE D'AUJOURD'HUI -september/octobre 1975
Aqui vão algumas interessantes reportagens da revista francesa L'ARCHITECTURE D'AUJOURD'HUI -september/octobre 1975,nesta edição voltou-se totalmente para a Italia, apresentando diversos arquitetos e seus projetos. Selecionei para esta postagem 2 reportagens: A Influência da política na arquitetura e o interessante projeto do Cemitério Municipal de Parabita - Itália.
ARQUITETURA E POLÍTICA
Itália Anos 1970
A década de 1970 foi, com absoluta certeza,
um dos períodos mais conturbados da História moderna da Itália. Com o país
flagelado pela inflação e o desemprego, o regime democrático italiano,
implantado em 1945, após a queda do ditador fascista Benito Mussolini, parecia
sustentar-se sobre bases frágeis. Desde 1948, a Itália era governada pela
poderosa Democracia Cristã, um imenso partido oficialmente de centro, que
comportava em suas fileiras líderes políticos que iam, no espectro ideológico,
da centro-esquerda à extrema direita. Como principal força de oposição à DC
encontrava-se o Partido Comunista Italiano, um dos maiores no mundo ocidental.
Porém, um sistema de oposição tão claro entre uma esquerda e uma direita
tradicionais não parecia suprir os impulsos de radicalismo, que começavam a
anunciar-se na península desde o final da década de 1960.
No campo da militância esquerdista surgiriam
as Brigadas Vermelhas, grupo de guerrilha responsável por sequestros e
atentados terroristas, e na extrema-direita, organizações neofascistas estariam
por trás de alguns dos mais marcantes atentados dos Anos de Chumbo (como foi
chamado o período que abrange toda a década de 1970, chegando aos primeiros
anos da de 1980). Outros grupos de extrema-direita, entretanto, não se valeriam
de atentados terroristas, preferindo planejar ações mais maquiavélicas de
estratégia política, caso da loja maçônica P2 (Propaganda Due), que contava com
importantes nomes da imprensa, da indústria, das forças armadas e dos serviços
de inteligência italianos. Alvo de investigação por parte do governo, em 1981,
descobriu-se que a P2 estaria planejando o estabelecimento de um regime de tipo
autoritário na Itália.
Um dos
ápices da tensão política que tomou conta do país se deu quando da execução do ex-primeiro-ministro
democrata-cristão Aldo Moro. Ligado à corrente de centro-esquerda do partido, o
católico Moro conseguira obter o respeito do centro e a confiança do Partido
Comunista. Propondo um compromisso histórico, aceito pela liderança do PCI, de
formar um governo de união nacional, com o intuito de pôr fim ao clima de
guerra civil na Itália, Moro foi sequestrado pelas Brigadas Vermelhas em março
de 1978. No dia 9 de maio, após quase dois meses de cativeiro, os membros da célula
terrorista responsável por sua abdução executam o político, deixando seu corpo
no porta-malas de um carro na Via Caetani, em Roma. Rua histórica, a Via
separava os quartéis-generais da Democracia Cristã e do Partido Comunista
Italiano. Suspeitas passaram a rondar o caso, diante do que pareceu a má
vontade do governo democrata-cristão, liderado então por Giulio Andreotti, em
negociar a libertação de Moro. O fato, traumático para a sociedade italiana,
marcou uma década de intensos debates políticos, os quais, como não poderia
deixar de ser, acabaram abrangendo também o campo da arquitetura. texto de Alexandre Enrique Leitão
Esta revista faz parte do acervo da BAUPAL.
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